A vida do nosso Sindicato iniciou-se em meio à agitação causada pela insurreição constitucionalista que havia explodido em São Paulo, em julho de 1932.
A luta armada começou no dia 10 daquele mês com a iniciativa das tropas revolucionárias, cerca de 30 mil soldados mobilizados, em operações financiadas pelo empresariado paulista.
O conflito durou até 2 de outubro do mesmo ano, quando São Paulo capitulou diante das forças legalistas. Nossa entidade sindical teve origem nesse período de guerra civil, quando a situação era desfavorável para qualquer movimentação de trabalhadores em busca da obtenção de alguns direitos sociais.
No dia 6 de setembro, quando o exército federal completava o cerco às tropas paulistas, na região de Campinas, realizava-se a primeira reunião da nossa diretoria, tendo como presidente o trabalhador Enrique Cubillo.
A reunião, registrada em ata, realizou-se na sede da Federação Geral dos Trabalhadores, na Praça Tiradentes, 60, 4º andar.
Com os estatutos registrados no então Departamento Nacional do Trabalho, a diretoria, duas semanas depois da reunião inaugural, já encaminhava veemente reclamação ao ministro do Trabalho, Salgado Filho, no sentido de obrigar donos de cinemas e teatros a aceitarem empregados que fossem sócios do Sindicato.
A empresa Paschoal Segreto, proprietária de vários cinemas, não permitia a admissão de empregados sócios do Sindicato, demitindo sumariamente aqueles que tivessem tal condição.
Por sua vez, a Companhia Brasil Cinematographica demitia empregados sem pagar qualquer direito trabalhista, o que também levou nosso Sindicato a denunciar o fato ao Ministério do Trabalho.
Outra empresa, a V. R. Castro, fazia absurdas apreensões de carteiras sociais e, no Cinema Popular, um sindicalizado foi obrigado a rasgar sua carteira diante de companheiros de trabalho, submetido a chacotas, ato humilhante que, conforme berrava histericamente o patrão, deveria servir de exemplo aos demais funcionários.
Nossa diretoria jamais capitulou diante da hostilidade patronal, sempre mobilizando-se para fazer valer o direito dos seus sócios à dignidade pessoal e às leis trabalhistas que começavam a ser introduzidas no Brasil.
Leis que, entre outras concessões aos assalariados, regulamentavam o trabalho das mulheres e dos menores, limitavam a jornada em 8 horas, na indústria e no comércio.
Conquistas sociais que os trabalhadores lutavam em obter, desde o advento da República em 1889, e que ao início do governo Getúlio Vargas haviam sido prometidas pelo ministro Lindolfo Collor, em solene discurso no Palácio do Catete, em 25 de janeiro de 1931:
“Todo amparo e toda proteção justa que se puder dar será dada ao trabalhador nacional. Defender-lhe-emos os direitos, associando-o diretamente – por intermédio das suas associações de classe – à solução de todos os conflitos em que ele figurar como parte.
Amparar-lhe-emos eficientemente a velhice e a invalidez. Providenciaremos para que na medida do possível lhe sejam conseguidos, para sua propriedade, tetos baratos, higiênicos e confortáveis.
Dar-lhe-emos uma lei segura e eficiente de acidentes de trabalho. As mulheres e os menores estarão ao abrigo das leis humanas. Cuidaremos da sua instrução, dos seus aperfeiçoamentos técnicos e não nos esqueceremos dos seus lazeres, dos seus descansos físicos e da recreação dos seus espíritos”.
Nosso Sindicato, confiante nos propósitos governamentais, jamais deixou de cumprir sua parte como representante dos direitos dos trabalhadores, apesar das graves e quase insuperáveis dificuldades de sobrevivência que enfrentava nos primeiros tempos de sua existência.