A diretoria fora empossada em período de grande conturbação: O mundo estava em guerra e o Brasil, que havia rompido relações diplomáticas com os países do Eixo (Alemanha, Itália, Japão e nações da órbita nazifascista), perdia navios mercantes torpedeados ao longo do nosso litoral.
Entre 14 de fevereiro e 19 de agosto de 1942, os submarinos inimigos haviam afundado o Cabedelo, Buarque, Olinda, Arabutan, Cairu, Parnaíba, Comandante Lira, Gonçalves Dias, Alegrete, Paracuri, Pedrinhas, Tamandaré, Piane, Barbacena, Baependi, Araraquara, Aníbal de Mendonça, Itagiba, Arará e Jacira.
No período, ainda não havia conflito bélico entre nosso país e o Eixo, o que se consumou em 31 de agosto, quando o Brasil declarou guerra à Alemanha e Itália, com o apoio da população afrontada pelos ataques de submarinos que haviam causado a morte de milhares de brasileiros, além de enormes perdas materiais.
Em março de 1942, o governo brasileiro, diante dos primeiros torpedeamentos, já havia confiscado os bens dos súditos alemães, italianos e japoneses, pessoas físicas ou jurídicas residentes ou estabelecidas no Brasil.
A continuação dos ataques de submarinos aumentou as hostilidades contra os súditos do Eixo, que atingiram o auge com a depredação de estabelecimentos comerciais e industriais pertencentes a imigrantes de países inimigos.
Após a declaração de guerra, iniciaram-se as severas vigilâncias e repressões contra espiões e simpatizantes nazifascistas.
No Rio, era grande o número de italianos e alemães que trabalhavam em teatros, cinemas e cassinos; não foram poucos os que se viram perseguidos ou colocados sob as mais diversas suspeitas. Muitos, demitidos ou prejudicados no trabalho, recorriam ao Sindicato buscando amparo legal.
Questões dificílimas, haja vista que situações de manifestações de intolerâncias e suspeitas eram constantes. Mesmo brasileiros, com nome ou sobrenome de origem alemã ou italiana, eram alvo de desagradáveis comentários.
Mas, nosso Sindicato soube agir com serenidade e bom senso, buscando preservar direitos individuais, enfrentando com prudência a intolerância dos mais exaltados.
As reuniões de diretoria eram frequentemente acompanhadas por autoridades policiais e nas assembleias gerais havia, sempre, a participação de representantes da Delegacia de Ordem Pública e Social – DOPS e do Departamento Nacional do Trabalho.